sábado, 9 de outubro de 2010

Análise Subjetiva

A história de Pigmaleão e Galatéia(sua estátua preferida) é uma das lendas de  amor  mais inverossímeis e estranhas da mitologia grega.
Pigmaleão era um rei Chipre e um hábil escultor. Seus namoros com as mulheres cipriotas só acumularam problemas, pois sempre acolhia as mulheres erradas. Via tantos defeitos e indecências nessas mulheres que começou a abominá-las. Se sentindo deprimido decidiu que nunca iria se casar com qualquer moça e optou por viver isolado e imerso em seu trabalho de escultor. Passou a dedicar todo o seu tempo livre a talhar e como não era insensível à beleza feminina, usando habilidades requintadas, ele esculpiu uma figura feminina em marfim, a mulher ideal, para fazer-lhe companhia. A figura esculpida era de uma beleza tão grande que parecia tão viva, que Pigmaleão apaixonou-se por sua criação.
Ele a adornou com roupas, colocou anéis em seus dedos e um colar de pérolas no pescoço. Ficava horas com a estátua, beijava-a, apalpava-a para verificar se estava viva( não conseguia acreditar que se tratasse apenas de marfim) e dava-lhes presentes com os quais toda mulher sonha.Passava o tempo e Pigmaleão sentia-se cada vez mais atraído por aquela figura que considerava sua obra prima.
Realizava-se, com grande pompa, em Palea (onde havia um importante santuário dedicado a Afrodite), um festival a essa deusa da beleza e do amor. Após Pigmaleão ter executado sua parte nas solenidades, parou diante do altar e invocou a deusa pedindo-lhe que lhe permitisse encontrar uma mulher igual à estátua de marfim.
A deusa Afrodite, apiedando-se dele e atendendo ao pedido, e não encontrando na ilha uma mulher que chegasse aos pés da que Pigmaleão esculpira, em beleza e pudor, transformou a estátua numa mulher de carne e osso e a nomeou de Galatéia.Quando voltou para casa, Pigmaleão beijou Galatéia como era de costume. No calor do seu beijo, ele apertou seus lábios que agora pareciam tão reais, que ficou até mesmo surpreso. Ele então a beijou novamente e colocou a mão sobre a perna de Galatéia e o que fora marfim agora era uma pele macia que se rendeu aos seus dedos. Sentindo os beijos Galatéia passou a ficar corada e abrindo seus tímidos olhos à luz, fixa-os no mesmo instante em Pigmaleão, que a envolveu em seus braços e sentiu um coração que pulsava como o dele.
Com a benção de Afrodite, Pigmaleão e Galatéia se casaram, tiveram uma filha, Metarme ,(era tão bela que até o próprio Apolo a pretendeu) e um filho, Pafos , que deu seu nome a uma cidade cipriota. E viveram felizes.

Podemos dizer, que de certa forma, este soneto, reflete essa história da mitoliga grega, onde o artista se apaixona pela própria obra, onde ele encontra a perfeição técnica, "arte pela arte",ou seja , o tema da obra é a própria arte.E ele também, descreve a musa, como se estivesse pedindo para que ela realmente sentisse e tivesse sentimentos assim como as pessoas, e deixasse de ser um estátua, até porque ele estava apaixonado por ela.

Análise Formal


Musa Impassível II
 
Ó/ Mu/sa/, cu/jo olh/ar/ de/ pe/dra/, que/ não/ cho/ra,           A
Ge/la o /sor/ri/so ao/ lá/bio e as/ lá/gri/mas/ es/tan/ca!         B
Dá/-me/ que/ eu/ vá/ con/ti/go, em/ li/ber/da/de/ fran/ca,      B
Por/ esse/ gran/de es/pa/ço on/de o /Im/pas/sí/vel/ mo/ra.    A
 
Le/va/-me/ lon/ge, ó /Mu/sa im/pas/sí/vel/ e/ bran/ca!         B
Lon/ge, a/ci/ma/ do/ mun/do, i/men/si/da/de em/ fo/ra,       A
On/de/, cha/mas/ lan/çan/do ao /cor/te/jo/ da/ au/ro/ra,      A
O áu/reo/ plaus/tro/ do/ sol/ nas/ nu/vens/ so/la/van/ca.     B

Trans/por/ ta/-me/ de/ vez/, nu/ma as/cen/são ar/den/te, C
À/ de/li/cio/sa/ paz/ dos/ O/lím/pi/cos/-La/res,                 D
On/de os /deu/ses/ pa/gãos/ vi/vem/ e/ter/na/men/te,      C

E on/de/, num/ lon/go o/lhar/, eu/ pos/sa/ ver/ con/ti/go,     E
Pas/sa/rem/, a/tra/vés/ das/ bru/mas/ se/cu/la/res,             D
Os/ Poe/tas/ e os /He/ró/is/ do/ gran/de/ mun/do an/ti/go.   E


A análise formal do soneto seria a seguinte:

-São todos versos alexandrinos, ou seja, possuem 12 sílabas.
-As rimas são ricas, ou seja, formadas por classes gramaticais diferentes.
-O tema do soneto, se refere à mitologia grego-latina.
-Esteticismo, rigidez formal, o ideal da "arte pela arte".
-Tendência descritivista.
-Impassibilidade do autor em relação a obra, ou seja, o autor não demonstra qualquer tipo de sentimento próprio em relação a obra.
-Formas poéticas fixas e regulares, nesse caso, o soneto, com esquema métrico, rítmico e rímico.

Com essa análise, conseguimos perceber, que praticamente todas as características do parnasianismo em si, estão presente nesse soneto.

Poesia Parnasiana

MUSA IMPASSÍVEL II

Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,             
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!      
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,  
Por esse grande espaço onde o impassível mora. 

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!       
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,    
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,      
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.     

Transporta-me de vez, numa ascensão ardente,   
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares,                   
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,       

E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo,  
Passarem, através das brumas seculares,            
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.  

Francisca Júlia- Mármores(1895)