sábado, 9 de outubro de 2010

Poesia Parnasiana

MUSA IMPASSÍVEL II

Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,             
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!      
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,  
Por esse grande espaço onde o impassível mora. 

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!       
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,    
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,      
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.     

Transporta-me de vez, numa ascensão ardente,   
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares,                   
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,       

E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo,  
Passarem, através das brumas seculares,            
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.  

Francisca Júlia- Mármores(1895) 

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